Procura-se a mãe possível.
Aquela que se subdivide em casa
enquanto padece no paraíso.
Aquela que se surpreende
com a imperfeição de todos os planos.
Procura-se a mãe possível.
Na antesala dos consultórios,
nos parques, supermercados.
Procura-se aquela perdida
na latitude de toda espera.
Procura-se a mãe possível.
Aquela que aguarda, pacientemente,
o corpo suportar a ciência invasiva:
é preciso lupa para vasculhar
a Via Láctea e reconhecer o desconhecido.
Procura-se a mãe possível, que, bem
poderia ser, a primeira a colocar em si
a máscara de oxigênio, embevecer-se
com a queda da aeronave e descuidar-se
em nuvens. Mas ela é aquela que por
mais que o dia repouse não se desculpa.